quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sevilha - Tarifa - Tanger

Depois do descanso dos guerreiros lá veio a partida às 09:00 em ponto. Após a colocação de alguns autocolantes da organização, ala que lá vão eles. De salientar que todo o pessoal se portou impecavelmente pelo que não houve nenhum atraso.

Esta etapa teve uma extensão de aproximadamente 200 Km de asfalto - Foi monótono e algo cansativo embora as paisagens fossem bonitas. Algo que não estamos habituados na Madeira - longos campos a perder de vista...

Do dia anterior, ou melhor da noite anterior, chegaram-nos alguns ecos sobre os gastrónomos que foram jantar de táxi e tudo. Alguns chegaram "com um andar novo" pois a conta foi de 44 aéreos por pessoa mais taxi para baixo e para cima. As coisas que a gente vem a descobrir, quer dizer, que nos vêm contar.

Sempre em caravana como manda a lei foi ao Francisco que coube a honra de fechá-la. E pelos vistos a coisa resultou na perfeição com elogios do Helder e tudo.

Tarifa é bonita. Uma grande extensão de areia dourada e um dia quentinho fizeram as delícias após tantos Km agarrados ao volante. Do outro lado do mar mediterrâneo uma névoa indicava o nosso objectivo - Marrocos. Uma surpresa foram os preços de supermercado que realmente são muito mais baratos do que estamos habituados - 3 postas de bacalhau a 3 euros é suficiente para que qualquer madeirense que se preze ter um AVC. Infelizmente como bacalhau e batatas está fora de questão lá se ficaram as postas abandonadas à sua sorte.

E depois veio o embarque. Às 15:15 já estávamos reunidos no porto para embarcar no ferry que nos levaria a Tanger. A viagem foi rápida mas houve quem não gostasse muito dos balanços. A expedição tem alguns marinheiros de água doce incluindo um que até tem barco. Este disfarçava bem, fingindo que descansava de olhos fechados e tudo, mas notava-se que a coisa não estava fácil.

E quem pensou que seriam só facilidades nunca esperou o que se seguiu - a temível alfândega de Tanger. Quer dizer, aquilo é mesmo uma seca. Contei 5 homens com fardas diferentes, cada um fazendo algo mas que ninguém percebia bem o que era. No entanto havia um, fininho, de bigode ainda mais fininho que se destacava da maioria. Esta personagem levezinha dirigiu-se ao nosso carro pediu os documentos e o passaporte, escrevinhou algo num documento e pediu, com cara muito séria:

- Une propine. Je vous demande une propine. Cherchez monsieu...

Moreira olha espantado para mim com aquele ar de "o que é que o gajo quer?". E o que seria? Claro. Pois adivinharam - Euros. A tal propina era o vil metal. E lá se foram 3 aéreos que no fim se revelaram ter sido mal empregues uma vez que estivemos ali quase 2 horas à espera. Nós e os outros claro, Só que a porcaria da "propine" fomos nós que a pagámos.

Ouvi dizer que houve alguém, que não posso dizer o nome mas que tem um Discovery Cinzento, que pagou uma propina de 5 euros mas que ficou também ali à espera as duas horas por solidariedade. Ainda bem que existem pessoas solidárias. O mundo seria muito pior sem elas.

Nessas 2 horas de seca tentaram impingir-nos relógios rolex, chás, e até houve um brasileiro banha de cobra a vender braceletes de "ouro" a 5 euros, Passaram montes de pessoas, pretos, brancos, amarelos, até uma excursão de japoneses e nós nada. Mas atenção a este pormenor dos japoneses ao qual voltarei mais tarde.

Entretanto o Helder continuava à frente no paleio com um gajo vestido de trintanário do Savoy que parecia ser o boss daquilo tudo. Finalmente houve ordem de marcha e a caravana avançou mais ou menos sem precalsos-

O trânsito até ao hotel foi caótico. O pessoal daqui, especialmente os taxistas, são uns autênticos artistas. Os táxis são na maioria Fiats Uno, azuis e cheios de amolgadelas deixando facilmente adivinhar as regras de trânsito praticadas. Passa primeiro quem se mete primeiro. Fácil. Em caso de dúvida o carro maior tem sempre razão.

Quanto às japonesas e aos japoneses houve um destes aventureiros, que também não posso dizer o nome mas que conduz um dragster, que se enganou no número de quarto. Um engano todo o mundo tem, mas este apanhou um verdadeiro susto pois quem abriu a porta foram duas geichas - uma torta e uma cambada, segundo ele. Se tivesse coração fraco era ali mesmo que ficava.

Aguardam-se novos episódios amanhã.

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